Carnaval

    Essa é engraçada, tinha muita vontade de ser melada, então procurava sair de casa , mas ninguém se atrevia a fazer isso por causa do respeito aos meus pais, um belo dia em pleno carnaval peguei a minha lança de plástico enchi de agua e fui pra rua escondido do meu pai claro, quando passei pela oficina, o dono pegou óleo com grafite era uma coisa preta melada e eu fui molhar ele vê se pode ele me melou o rosto todo, como foi difícil limpar aquilo mas consegui , pelo menos achava que tinha conseguido , a noite dormindo na rede, meu pai tinha mania de matar mosquito com um candieiro em todos os filhos se aproximou de mim mas aquela pancada foi muito forte para ser um assassinato de um mosquito acordei em meio aos tapas dele com mão forte e não estava preparada porque quando eu sabia que ia levar uma surra eu vestia calça jeans, sabe porque ele bateu tanto em mim estava com meu ouvido entupido daquela coisa preta terrível , gato escondido com rabo de fora não deu outra fiquei proibida até de olhar os blocos os bois enfim tudo que fosse na rua da frente pois morava num sítio sem energia sem nada, alguns lauços entrava para pedir dinheiro , eram poucos, mas tudo era engraçado e novo no meu tempo de criança.

Banho de Chuva!

Na minha infância as únicas doença que eu conhecia chamava-se: sarampo, catapora, papeira,e resfriado, não chegava nem ser uma gripe quanto mais uma virose, Ah como eu gostava quando chovia a noite inteira aquele barulho nas telhas e nas palhas do coqueiro e a bica que não parava de correr no alpende feito de zinco na lateral da minha casa, toda de taipa mas as paredes enxutinhas, a luz de candinheiro a gás, as redes quetinhas e as histórias da minha mãe, como era maravilhoso o inverno na minha infância, os relâmpagos, os trovões, aquele pirão de carne quentinho na hora do almoço ou farofa escaldada de cebola no jantar, família reunida, sítio alagado, era uma diversão, eu amava andar pelo sítio alagado, não tinha medo de cobra, nem de sapo, cada um fizesse o barco de papel mais bonito e da nossa janela dava pra colocá-lo na água, não íamos pra escola não tínhamos brinquedos, vídeo games, televisões, mas eramos felizes porque tínhamos muitos irmãos meu pai e minha mãe juntos, não tinha nada mais divertido, do que comer aquelas bolachas de coco ou aquelas broas de goma bem devagarinho para não acabar muito rápido, brincavamos de médico, de boneca e sabe qual era o mais interessante?que as peças da brincadeira eram fabricadas por nós, pegavamos uma toalha de banho, fazia um rolinho com ela dobrava ao meio, amarrava uma tira de pano na metade calçavamos meias fazendo pernas colocava uma chupeta no centro da dobra, daí a boneca estava pronta!mas quando chegava 12:00 que a comida estava quase pronta, era a melhor hora, minha mãe nos liberava para tomar banho na bica que corria muito forte e era aproveitada dentro de um túnel para lavar roupa, brincavamos bastante na lama e na chuva, inesquecivel é um banho de chuva.
Aguardem porque a próxima história vocês não podem perder!!!

Calcinha Bunda Rica!

Não sei se vocês conhecem,mas a calcinha bunda rica são as calcinhas com babados na parte de trás é uma moda muito antiga que perdura até hoje, mas tenho uma história pra contar onde esta calcinha toma a cena principal.

Na minha infância nem se ouvia falar de adolescência éramos bebês, depois crianças, e depois jovens, pois bem.Um belo dia estava eu me preparando para a aula, já estava na quinta série, 11 anos... já era uma mocinha, mas ainda usava calcinha bunda rica e era muito comum ver as meninas já grandinhas de 7, 8, 9, 10 anos somente de calcinha bunda rica pela rua, e nem por isso eram vítimas de estupros ou qualquer crime do tipo, a inocência era respeitada, a honra era valorizada e ai daquele que tentasse ferir isso, lembro-me muito bem que sentava na mesa para almoçar e como era muito quente estudava a tarde tomava banho, vestida minha calcinha bunda rica e sentava à mesa para comer, como morava em um sítio e a minha casa era a última imagine a maioria passavam na minha casa para irmos juntos à escola, iam chegando meninos e meninas me olhavam pela janela, e iam sentando na calçada, era muito normal ver uma menina somente de calcinha mesmo nascendo os peitinhos! e vocês acreditam que eu não sentia vergonha?
Breve estarei de volta para contar-lhes histórias e contos que fizeram parte da minha infância e que talvez vocês não conhecem ainda!
Até o próximo post!

Estórias de Trancoso

Estórias de trancoso eram assim que chamavam as mulheres do interior quando se tratava de um relato que envolvia, pessoas mortas, cemitérios, e tudo isso fascinavam todas as crianças e adultos, quando dava 6:00hs da noite, povoado sem energia todos já tinham tomado café sentávamos na porta e aí Marilda começava a tirar estórias do seu baú, gravadas em sua mente com detalhes minuciosos que faziam a turma toda nem se levantar para tomar água, e quem disse que tínhamos coragem de ir até a cozinha pegar agua da forma ou do pote, pois nessa época quem tinha geladeira eram os fazendeiros da região, nossas mães conheciam porque trabalhavam para eles, daí começava a contar uma estória e entrava por outra, cada um que se candidatar-se a contar a melhor estória, criança não podia se meter, só ouvir mesmo, e se arrepiar de tanto medo, quando acabavam-se as estórias, entravamos nas brincadeiras,eu sou rica, rica, rica, de marré...ciranda, cirandinha...seu rei mandou dizer...anel, anel e etc.

Por volta de 00:00rs se despediam e íamos dormir à luz de lamparina, e quando as noites eram de chuva era maravilhoso, o calor não incomodava, os mosquitos não picavam, e o barulho da chuva acalentava o sono, sonhávamos voando, e no outro dia começávamos tudo outra vez, era uma rotina, mas não era uma mesmice, as aventuras se renovavam, a cada dia, desde uma trouxa de roupa lavada no rio, com as piabas cutucando a  nossa perna, até o banho de cacimba a tarde, tudo era muito divertido, mas o que eu mais gostava de fazer, era a noite quando meu pai me levava para a beira da praia e sentados num casarão abandonado ficávamos olhando a  lua e atirando pedras ao mar.Espero que tenham viajado comigo porque quando fecho meus olhos lembro-me de cada detalhe, e se você também quiser sonhar precisa estar de olhos fechados, é dormindo que sonhamos, é sonhando que se vive,  é vivendo que somos felizes, e se somos felizes duramos muito mais...Até a próxima.

Minha primeira escola!

A minha primeira escola tinha uma arquitetura muito antiga,muitas escadas, árvores velhas, portanto muitos esconderijos...Toda brincadeira se transformava numa aventura, era muito gostoso a convivência com todos os professores e de minha diretora, pois nessa época não existiam agentes de disciplina, sabíamos que a escola era lugar de aprender e brincar só na hora do recreio, ao entrarmos formávamos fila no galpão e hasteavam as bandeiras e cantávamos, o hino que eu mais gostava era o hino do soldado, eu sempre ficava do lado de uma menina que só usava cachinhos, hoje ela não esta mais entre nós, mais naquela época eu a achava a mais bonita da escola, mas na verdade a história não é sobre a minha escola e sim sobre o que acontecia comigo nela.A hora que eu mais gostava era a hora da merenda, principalmente quando era paçoca de amendoim, pegava uma folha de caderno fazia um copo tipo aqueles barquinhos de papel e corria pra fila, repetia várias vezes, a timidez era muito grande, não existia maldade as meninas de 12 anos não tinha namorados e ainda vestiam calcinhas "bunda rica" aquelas com babadinho atrás, ah como era bom, quem não tinha um foto do lado do globo...Sabe o que as professoras faziam para todos fazerem silêncio na aula? Juntava um menino com uma menina, as bancas eram de dupla, o acento era acoplado a escrivaninha, os pés eram de ferro e muito pesado para arrastarmos, então lado a lado, ombro a ombro, quem se atrevia a conversar?falar com um menino ou brincar com ele era motivo de escândalo, e quando os pais ficavam sabendo pior ainda, nós não sabíamos nem o que era beijar, porque só em pegarmos nas mãos já era um grande avanço e uma quebra de tabu, onde eu fui a primeira a quebrar, eu era muito avançada pra minha época e inventei a brincadeira e emendar as línguas quando uma triscava na outra era motivo de risos até emu irmão mais velho um dia descobrir, levei uma pisa daquelas pois isso era "safadesa" ou "coisa feia" motivo de espanto, não sabíamos que nada disso estava relacionado a sensualidade nunca ouvíamos a palavra sexo nem dentro da escola nem na nossa casa, desconfiamos já como se faziam os bebês, também naquela época nem sabíamos que existia pedófilos, a ingenuidade e a pureza faziam da infância um sonho do qual aquelas crianças se soubessem jamais acordariam.

Bem pessoal essa é um pouco da minha vida escolar, mais dentro desse campo tem muitas aventuras...até a próxima...

O pé de fruta-pão!

Não sei se vocês conhecem o fruta-pão, mas apesar de não ser tratado como uma fruta, é uma fruta e muito saborosa, só não pode ser saboreada crua!

Precisa ser cozida ou assada, eu na minha infância preferia assada, cavavamos um buraco na beira da praia e cobríamos com palha de coqueiro seca e tocavamos fogo, ela assava e ficava com a casca toda tostada então preparavamos um molho de pimenta com caldo de feijão ou de peixe e comíamos o fruta-pão embebedando o pedaço no molho.Este era o nosso lanche da tarde, mas a aventura era retirar o fruta-pão, o pé era muito alto e de folhagens grandes por isso atrapalhava a visão teríamos que subir e algumas crianças ficavam embaixo para agarrar o fruta-pão ele não podia ficar machucado nem romper a casca, cozido ele parece com hiame, mas é mais saboroso. Um belo dia me juntei com algumas crianças e subi no pé de fruta-pão era por volta de 14:00 ,ao chegar lá me cima olhei para baixo as crianças me enganaram e foram embora não sabia 

até aquele momento que o que me encorajava para descer era as crianças gritando em baixo e o sabor do fruta-pão assado ao molho de pimenta, entrei em pânico e não consegui mais descer, era incrivel mas não achava mais os galhos pelos quais eu tinha subido, fiquei naquele fruta-pãozeiro até minha mãe sentir a minha falta e pedir que meu irmão fosse ver o que tinha acontecido, só assim eu consegui com a ajuda dele descer eram 17:00hs já estava escurecendo levei uma bronca muito grande, mas aprendi a lição que um trabalho em equipe é um trabalho em equipe, mas antes de começarmos precisamos ter certeza que todos estão com a mesma vontade que você de conseguir chegar , se por um acaso você formar uma equipe e tem um ou mais indeciso não comece o trabalho pois aqueles dois podem botar tudo a perder e convencer os demais a desistir , equipe precisa existir antes da idéia não conseguimos sozinhos, ainda tenho vontade de desfrutar desta deliciosa iguaria mas na cidade é muito escasso e quando aparece é de má qualidade e nunca mais me atrevi a subir em mais nada que não consiga descer quando eu quizer, temos um limite e temos que respeitá-lo porque no que depender dos outros a  ajuda nem sempre chegará.....

No supermercado

Numa bela tarde estava com alguns trocados no bolso e sai para comprar um vidro de mel KARO, dai ao chegar no supermercado passei muito tempo para a achar a prateleira onde existia uma infinidade de mel cada um mais atraente que outro fiquei uma meia hora só observando, aquela prateleira era tão linda parecia ouro, nunca eu tinha visto algo assim, estava acostumada a comprar em vendinhas do interior então quando eu resolvi me aproximar e toquei num frasco de mel vi aquela prateleira desabar caindo muitos frascos no chão e foi mel pra todo lado, no momento eu não sentia as minhas pernas por mais que eu tentasse sair dali, minhas pernas não me ajudavam e eu fiquei paralisada vendo os vidros estourando no chão, daí um homem muito bonito, alto, bem vestido se aproximou de mim, eu tremia e não conseguia falar estava branca como papel . Ele disse:
-O que aconteceu aqui? Eu falei não sei aconteceu muito rápido eu não tenho dinheiro para pagar tudo isso , não tive culpa, só toquei em um vidro, sei que demorou muito para eu ser liberada daquele supermercado. Mas no final nem comprei o mel pois fiquei tão nervosa que não sei como cheguei em casa , hoje sou traumatizada com prateleiras de vidros , louças etc...
      Até hoje tirei o mel do meu cardápio.


Bem pessoal amanhã tem mais espero que gostem